terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Gentrificação = Cidade em Transe - Tirando dúvidas ?

Este material = Reportagem do Jornal O Globo - Pequeno modelo das cidades que troca de roupa, pode ser para pior ou melhor. Aos amigos que não estão acostumado, favor alterar sua forma de vida.

A Zona Sul está tomando conhecimento deste fenômeno agora. Amanhã será todas as Cidades do Brasil..  


Imóveis na Cruzada se valorizam em até 135%
Localização privilegiada de áreas na Zona Sul atrai compradores com maior poder aquisitivo
Os sinais da mudança são anunciados na entrada da Cruzada São Sebastião, no Leblon. Ao chegar a um dos dez blocos do conjunto habitacional, onde moram cerca de cinco mil pessoas, uma das moradoras pergunta se a entrevistada é a nova vizinha que, há pouco mais de 19 meses, vem influenciando o cotidiano do lugar. À porta, Deisi Soleti abre seu apartamento de 24 metros quadrados para contar por que preferiu investir no conjunto que foi inaugurado em 1957, no coração do Leblon. Embora pequeno, o seu apartamento teve valorização de 135% em menos de dois anos.
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Ex-comissária de bordo da Varig, Deisi se viu sem condições de manter o apartamento que tinha na Rua Almirante Guilhem, no mesmo bairro. Não titubeou: vendeu o imóvel e comprou o apartamento de quarto e sala que, totalmente remodelado, virou referência de decoração para os vizinhos que, em sua maioria, moram em imóveis com problemas de conservação.
— Perto de minha aposentadoria, vi a Varig e o Aerus (o fundo de pensão da companhia) irem à falência. Na época, morava em um apartamento de 120 metros quadrados a uma quadra daqui, e a primeira coisa que pensei foi: “como vou me manter aqui?”. Pagava um condomínio de R$ 1.200 e só pensava que, à beira dos 50 anos, não arranjaria um emprego que me permitisse ficar. Por isso decidi me mudar. Pensei na Barra, mas vi que não daria para fugir do condomínio. Percebi que a solução seria vir para cá. Moraria no mesmo lugar, a duas quadras da praia, perto da escola da minha filha, e viveria com minha aposentadoria.
A Cruzada ontem e hoje
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·         Novos e velhos costumes
·         Na Cruzada São Sebastião, costumes dos novos moradores já entram em conflito com o cotidiano dos mais antigos. Manoel João Camilo foi um dos primeiros a ocupar um apartamento no lugar. Aos 82 anos, é vice-presidente da associação de moradores do conjunto e mora com duas filhas e dois netos em um apartamento de um quarto.
·         Ele diz que os moradores recém-chegados, com exceções, se fecham em suas residências.
·         — Eles trazem a cultura de apartamentos como os da Selva de Pedra (condomínio em frente à Cruzada), onde ninguém sequer se cumprimenta. A maioria é solteira e não tem filhos.
·         A valorização dos imóveis também já é sentida no lugar. Embora não haja números oficiais, os valores subiram mais de 100% no último ano, segundo a associação de moradores local. Sua presidente, Laíde Melo, que nasceu e cresceu no conjunto, conta que, no atual estado em que se encontram, um conjugado está sendo vendido entre R$180 e R$200 mil; um apartamento de um quarto, por R$270 mil; e um de dois quartos por até R$350 mil. Há informações de que um dos imóveis estaria à venda por R$ 500 mil.
·         Idealizado por Dom Helder Câmara na década de 1950 como um projeto piloto de habitação popular, o conjunto tem 965 apartamentos divididos em dez blocos, onde, na ocasião da inauguração, foram alocados os moradores da Favela Praia do Pinto, que ficava às margens da Lagoa Rodrigo de Freitas. Os três primeiros blocos têm 168 apartamentos conjugados. Outros quatro, com 84 apartamentos de quarto e sala, e os três blocos restantes, com 42 apartamentos de dois quartos.
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Dom Helder Câmara lança a pedra fundamental da Cruzada São Sebastião, no Leblon. Agência O Globo
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Vinte anos depois de inaugurado, os moradores do conjunto não conseguiram escapar do estigma da discriminação e do medo de serem expulsos do local. Agência O Globo
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Hoje, espremido entre um shopping, um clube e entre conjuntos de classe média, o conjunto passa por uma nova transformação. Custódio Coimbra
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Ocupado por alguns remanescentes da favela da Praia do Pinto e por seus descendentes, o conjunto tem sido procurado por investidores e por novos moradores de classe média.
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Nos corredores dos edifícios, é visível o choque entre o estilo de vida dos antigos e dos novos moradores. Custódio Coimbra
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A maioria dos apartamentos ainda é humilde e está em mau estado de conservação. Custódio Coimbra
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E contrastam com o estilo de vida de alguns dos novos moradores, como Deisi Soleti. Custódio Coimbra
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Demitida da Varig, a ex-comissária de bordo se descobriu na coletividade e virou modelo de bom gosto para os novos vizinhos. Custódio Coimbra
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Gentrificação

É um conceito usado pela sociologia anglófona para se referir ao processo de substituição de população, em que a chegada de uma leva crescente de novos residentes de renda superior à da população original acaba por transformar o perfil sociocultural da área em questão. Os novos moradores introduzem costumes e práticas de consumo distintas das tradicionais, estimulando o surgimento de negócios e elevando o custo de vida, especialmente no que se refere aos gastos com moradia (imóveis, alugueis, condomínios, impostos etc.), o que pressiona a saída de antigos residentes da área.
O conceito deriva de um neologismo criado pela socióloga britânica Ruth Glass em 1963, em um artigo sobre mudanças urbanas em Londres, para se referir a um fenômeno de aburguesamento de uma área central da capital britânica. Havia um tom irônico na expressão, que deriva do inglês “gentry” (bem-nascido). Ao longo dos anos 1980, no entanto, a expressão ganhou uma conotação positiva, como uma espécie de melhoramento do território urbano. Gentrificação, assim, passou a ser sinônimo de “enobrecimento” do bairro. Com as críticas ao tipo de urbanismo excludente que emerge a partir dos anos 1980, o termo gentrificação voltou a ganhar uma conotação negativa, como um processo que expulsa antigos residentes de suas áreas residenciais.

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